sábado, 27 de fevereiro de 2010

Com descoberta do pré-sal e eventos, investimentos voltam para o Rio

O esvaziamento econômico sofrido pelo estado do Rio de Janeiro ficou para trás. Mas não são as antigas companhias que foram buscar sucesso em outras regiões as responsáveis pelo incremento. A descoberta do pré-sal no litoral trouxe novas perspectivas para a região, que deve se desenvolver pelos setores de petróleo e gás, construção, entretenimento e serviços, segundo especialistas.

Segundo a pesquisa Panorama Empresarial, da Deloitte, quase 100% das companhias fluminenses pretendem investir na região em 2010. O estudo ouviu 48 empresas, com receita bruta total de R$ 186 bilhões, que corresponde a 56% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual. Porém, mais da metade acredita que a qualidade dos serviços públicos e de urbanização são entraves para o desenvolvimento econômico na região. Estas empresas geravam 149.000 empregos diretos ao final de 2009.

Apesar da crise financeira, que impactou a economia global no ano passado, o estado fluminense já estava em processo de retomada financeira. Quase dois terços das empresas pesquisadas mencionaram aumento dos investimentos e crescimento em 2009.

O professor de administração do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec-RJ), Gilberto Braga, explica que a característica da região é de menor dependência das exportações. Desta forma, não foi diretamente atingida pela crise.

– Além disso, a manutenção do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a construção do pólo petroquímico e a confirmação das Olimpíadas impulsionaram o desenvolvimento – concluiu Braga. O acesso ao crédito facilitado também contribuiu para os resultados.

Com a aproximação dos Jogos no Rio, que ganha a atenção do resto do mundo, as empresas locais temem que os projetos urbanos de melhoria não sejam concluídos a tempo. O diretor de análise macroeconômica da Mercatto, Paulo Veiga, destaca que os pontos críticos do Rio de Janeiro giram em torno do transporte público e saneamento básico.

– Tudo leva a crer que os problemas na estrutura rodoviária, ferroviária e metroviária, e as questões que envolvem o esgoto, não serão resolvidas antes do evento – disse Veiga.

Segundo o gerente de Infraestrutura e Novos Investimos do Sistema da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Cristiano Prado, o Rio não é alvo apenas dos investimentos internos. A atenção internacional está voltada para o estado.

– O maior investimento privado do Brasil, a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e a Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), estimado em R$ 8 bilhões, estão na região – acrescentou Prado.

A grande maioria das empresas acredita que haverá uma substancial entrada de capital no estado. “As empresas terão desafios como redirecionar os planos e as estratégias de negócios, além de elevar o nível de governança corporativa”, analisa Ronaldo Fragoso, sócio da Deloitte. Contudo, os entrevistados não enxergam melhoras em relação à carga tributária, ao nível de burocracia e à desregulamentação.

Das companhias que pretendem expandir as operações em 2010, mais de dois terços disseram que têm intenção de crescer dentro da própria atividade por meio de fusões e aquisições, parcerias ou abertura de novas empresas. Para Braga, as pequenas e médias empresas que buscam crescimento têm duas opções: abrir o capital e captar recursos no mercado ou então buscar financiamentos.

– Esta tendência é do capitalismo como um todo. É preciso buscar um fonte de renda para alavancar o desenvolvimento – observou Braga.

Passado o período turbulento, dois terços das companhias fluminenses ouvidas disseram que vão priorizar a inovação. Braga afirma que a recuperação salarial do setor público favorece a obtenção de talentos universitários.

– Projetos de incubadoras de pequenas empresas e outras formas de estímulo ao empreendedorismo estão ganhando espaço – completou Braga.

Indústria mais confiante

O Índice de Confiança da Indústria (ICI) avançou 1,9% em fevereiro deste ano, ao passar de 113,6 pontos em janeiro, para 115,8 pontos, segundo divulgou sexta-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Este é o maior nível desde dezembro de 2007 e representa a 13º alta consecutiva.

“Apesar dos sinais de acomodação da produção na virada do ano, o elevado grau de otimismo do empresariado fica evidenciado nas previsões favoráveis para novas contratações e nas perspectivas para os negócios no horizonte de seis meses”, destaca a pesquisa.

Queda da inadimplência

A inadimplência das empresas no mês de janeiro recuou 14,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado, que representa a maior queda nesta base de comparação desde março de 2008, está associado à melhora nas finanças das empresas, que no ano passado amargaram grandes perdas com a crise financeira mundial.

Para se ter ideia, em janeiro de 2009, a inadimplência das companhias avançou 28,9% sobre o mesmo mês de 2008. A retomada foi maior entre as empresas de grande porte, onde as dívidas em atraso caíram 36,7%. Nas médias empresas, a retração foi de 25,7%, enquanto nas pequenas, que ainda enfrentam dificuldade de acesso ao crédito, a queda foi bem menor: 12,9%.

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